Roland Ratzenberger, a morte do piloto esquecido

Roland Ratzenberger é participante de um dos finais de semana mais trágicos da história da Fórmula 1, mas é esquecido por boa parte das pessoas que acompanham a categoria, provavelmente pelo que ainda aconteceria no dia seguinte.

Ratzenberger era conhecido como um piloto dedicado por seus colegas, tendo corrido no Japão e na Inglaterra, mas entrar na Fórmula 1 pela equipe Simtek teria sido o seu maior feito e também a sua desgraça.

Roland Ratzenberger
Roland Ratzenberger dentro da sua Simtek

Com um contrato de risco de produtividade de 5 corridas com a equipe de motor Ford, Roland Ratzenberger precisaria mostrar serviço no ano de 1994.

No dia 29 de abril de 1994, Rubens Barrichello, piloto brasileiro, levantou voo (literalmente) e atingiu um muro em Ímola, num acidente onde a pouca avaria sofrida pelo piloto pode ser considerada verdadeiro milagre.

Ratzenberger não teve a mesma sorte.

Durante o treino de qualificação, o carro com a plotagem do canal de tv descolado Mtv vinha na entrada da curva Villeneuve a 314,9km/h quando a asa dianteira do carro se soltou.

Ele atingiu o muro de forma absolutamente violenta, a ponto de fotos mostrarem parte do seu braço dentro do cockpit, uma cena selvagem.

Com fraturas múltiplas no crânio e no pescoço, ele teve sua morte anunciada apenas 8 minutos depois, no Hospital Maggiore de Bolonha.

Apesar da tragédia, a Simtek não retirou-se da corrida, tendo colocado Andrea Montermini para correr no lugar do falecido Ratzenberger. A alegação da equipe é que Roland gostaria que seu companheiro de equipe, David Brabham, participasse da corrida.

Segundo as leis italianas, a corrida teria sido cancelada se a trágica morte de Roland Ratzenberger tivesse sido decretada como tendo sido dentro do circuito de Ímola, mas como os organizadores afirmaram que a morte se deu no hospital, a corrida no dia seguinte aconteceu, fazendo que um dos maiores pilotos da história da Fórmula 1, Ayrton Senna, morresse de forma precoce.

A estrondosa morte de Senna fez com que as devidas homenagens a Ratzenberger fossem ofuscadas. Senna era culpado por isso? Ora, claro que não, ele foi tão vítima quanto Roland, mas que uma morte influenciou na importância que deram a outra é inegável.

Ele foi velado no dia 7 de maio de 1994, tendo poucos holofotes para filmar e fotografar o seu caixão, além de poucos colegas de trabalho que se dispuseram a estar lá. Gehard Berger, que estava no funeral de Ayrton Senna, Niki Lauda e Max Mosley, presidente da FIA à época, foram alguns dos que apareceram para render suas homenagens.

Niki e Mosley, em especial, viveram épocas em que todo ano pelo menos um piloto não terminava o ano vivo, então, provavelmente entendiam a importância de ir a um velório.

Mosley disse mais tarde: “Roland havia sido esquecido. Então fui ao seu funeral porque todos foram ao do Senna. Pensei que seria importante alguém ir ao dele”.

Talvez Roland não tivesse sido esquecido e até fosse reverenciado hoje em dia caso a FIA não tivesse tomado decisões tão desastrosas.

A Simtek acabou no ano seguinte.