Textos

Desde que me conheço por gente, ouço frases como “não reaja a crimes em hipótese alguma!”. O mantra é repetido principalmente por algumas das pessoas que mais influenciam a opinião pública no Brasil, os repórteres. Ao final de uma matéria onde a pessoa é assaltada, reage e morre, eles enfatizam “é importante dizer que não se deve reagir a assaltos”, e ao final de matérias onde o cidadão reage e se dá bem contra o assaltante… ELES REPETEM A LADAINHA. Não vou nem entrar no mérito de que repórter está lá para informar e não para dar a sua opinião, mas essa atitude de indicar a população que NUNCA reaja só ajuda os bandidos a ter um assalto mais tranquilo.

Eu sei que pode parecer estranho para algumas pessoas que consideram bandidos quase como hipossuficientes que não tiveram oportunidades na vida e, por este motivo, tiveram como única chance de sobreviver, rumar para o caminho do crime, mas bandidos também assistem TV, leem jornais e acessam sites. Hoje em dia o bandido sabe que pessoas são como ovelhas prontas para serem abatidas pois conhecem bem a frase “não reaja NUNCA!”.

Ok, claro que é impossível reagir em alguns casos e concordarei que mesmo a reação só deve existir em casos onde o bandido não está muito atento, mas ficar forçando que em hipótese alguma nós devemos reagir é apoiar crimes onde o bandido não tem sequer uma faca e até coisas MUITO sérias como o estupro. No geral, as mulheres não sabem o que fazer pois cresceram ouvindo que nunca devem reagir e não aprendendo formas de se livrar de situações onde a sua vida está em risco. Segundo o site Defesa.org, apenas 3% dos estupros são consumados quando a vítima está com uma arma de fogo. É meio óbvio, vai ser difícil qualquer homem neste mundo ter uma ereção com uma arma apontada pra sua cara, mas sabemos, no Brasil, apenas os bandidos podem se armar.

Este ano o estatuto do desarmamento completou 10 anos de idade, estatuto este que foi aprovado à revelia da população, que no referendo do mesmo disse que gostaria de poder armar-se para se proteger. Desde então, a dificuldade para portar uma arma caso você seja um cidadão comum é de 17 em uma escala de 10, as chances de você conseguir andar com uma é estar sendo perseguido por um homem com os poderes do Hulk (e o homem precisa ter falado isso na televisã0). Como nós sabemos, bandidos não dependem da legalidade para andarem armados e vivem por aí, matando boa parte da população, aumentando a cada dia as estatísticas de homicídios em terras tupiniquins.

Uma criança que tinha 8 anos quando o estatuto do desarmamento foi aprovado, hoje tem 18 e daqui uns 10 será um formador de opinião pleno, medroso e terminantemente contra as armas. Sem entender muito o por quê, mas com argumentos fracos como “se as armas forem liberadas, a população toda vai se matar”, não levando em conta que em uma sociedade onde todos podem se defender, os valentões pensam duas vezes antes de ter os seus rompantes. É uma conta simples, se você colocar 10 pessoas dentro de um recinto, dar uma arma para apenas uma delas e comida para todos dividirem, mas explicando que aquele tanto de comida os fará chegar nos últimos dias exaustos, as chances de o cidadão armado pegar a maior parte da comida para si utilizando a arma são grandes, mas se for dado uma faca para cada uma das pessoas e o mesmo tanto de comida, elas vão conversar civilizadamente para racionar a comida. No caso do Brasil, apenas o estado e os bandidos tem comida.

O debate sobre o armamento da população precisa vir à tona com força novamente, a população precisa ter a chance de sobreviver logo no ato da abordagem do marginal e qualquer policial poderá te confirmar isso, extra oficialmente, é claro, pois na frente das câmeras eles farão como os repórteres, dirão que você NUNCA deve reagir. Ossos do ofício, o estado quer te ver desarmado.

Policiais vivem as ruas o tempo inteiro e entendem melhor como os marginais podem ser cruéis, mas não podem falar isso publicamente. Já os bandidos, só querem abusar até do último suspiro de cada vítima obediente que nunca vai reagir, pois tem a esperança de ser dispensada pelo bandido, não importa como, não importa com que resto de dignidade, apenas querem que o piedoso malfeitor os poupe a vida, assim, os vagabundos podem tentar angariar mais bens para serem subtraídos por outros sanguessugas.