Neymar Jr. sagrou-se campeão da Champions League junto de seus companheiros de clube, Messi, Suárez e companhia. Um verdadeiro esquadrão que fez o que esperávamos dele, vencesse a final.
Mas por que resolveram apedrejar Neymar?
Durante as comemorações, ainda no cenário da grande final contra a Juve, o craque resolveu professar sua fé e adornou sua cabeça com uma faixa escrito “100% Jesus”. Um ato pacífico que gerou repulsa em alguns jornalistas brasileiros.
Dos que li escreverem com ranço sobre a atitude do jogador, me chamou a atenção o colunista do Estadão Marcelo Rubens Paiva, que disse ser fã de Jesus Cristo, mas que descreveu o que Neymar fez como algo desnecessário e Juca Kfouri, que eu cresci vendo falar de futebol e tive o desprazer de ver que sua posição política é a mais despresível possível.
Antes que você prepare suas armas e suas pedras, explico que, assim como Juca, também sou ateu, mas deixei o meu ódio pelas religiões lá na adolescência, quando caí nesse papinho de que a religião é o maior dos problemas do mundo. A verdade é que a maioria delas faz mais bem do que mal a qualquer nação, inclusive é um dos pilares que ainda sustentam o Brasil como país democrático e livre do bolivarianismo.
Posto isto, vamos aos fatos. Em um dos textos, a lógica usada pelo escritor foi a seguinte, se Neymar é amado por bilhões de pessoas com diversas crenças, por que colocar uma faixa de amor a Jesus Cristo?
Imagino que o nobre colunista seja a favor da tolerância, em todos os sentidos, inclusive a religiosa, portanto, que momento mais propício para mostrar que um fiel a Jesus Cristo pode ser uma pessoa saudável e pacífica, como qualquer outra? Se existem milhões de crianças de outras crenças que são fãs de Neymar no mundo, não seriam essas crianças o agente da mudança que entende que aquele homem que pensa diferente delas pode fazer elas e outras pessoas felizes?
Nascido Cassius Clay, Muhammad Ali nunca escondeu a sua ordem religiosa, empregada até em seu novo nome e mesmo assim, ganhou o respeito de milhões, senão bilhões de pessoas ao redor do mundo. Criticar Neymar por isso é uma bobagem quase infantil.
Juca foi mais incisivo, mas não menos infantil. Apelou para um melodrama, dando a entender que os derrotados poderiam sentir-se tristes por Jesus “dar” o título ao jogador do Barça e preterir eles. Mais uma sandice, quem acredita no Deus cristão ou que estudou o mínimo possível sobre ele, sabe que as graças creditadas por seus devotos, são pela força diária que ele dá a eles. Não acredito nesta força, mas respeito quem acredita.
Jogadores muçulmanos costumam deixar sua religiosidade evidente em seus rostos, com barbas vistosas, mas não sou anjinho de acreditar que as reações não seriam ruins caso um deles comemorasse o título reverenciando Alá de forma mais contundente, só que também não seria um dos que criticaria tal ação, uma vez que a crítica seria infantil e aspirante a totalitária, tentando suprimir um direito legítimo.
Como qualquer evangélico, Neymar escolheu professar sua fé de forma “escandalosa”, mas esse é o jeito deles, eu não me incomodaria se fosse isso ou uma bandeira gay, desde que fosse de forma pacífica. Cada um tem o direito de expor as bases do que fez chegar onde chegou e o campeão inconteste escolheu a dele.
O choro é 100% livre.
